Complexo Multifuncional de Arganil

Descrição: A proposta em apresentação, procura uma linha de intervenção que tem como matriz o respeito pelo existente, quer no que concerne ao edifício como elemento arquitetónico, importante pelas suas referências construtivas e qualidade de desenho, quer pela sua história quer pelas marcas que lhe foram sendo impostas. Assim, a intervenção assenta na criação de uma estrutura interior, autónoma da existente, que se materializa como edifício no corpo das piscinas e do auditório. Esta opção permite manter uma coerência de linguagem na globalidade da intervenção, quer se trate da recuperação, quer da remodelação das antigas instalações fabris. Por outro lado, despindo o edifício existente de todos os elementos construtivos acessórios, é permitida a leitura da sua volumetria de uma forma mais verdadeira, valorizando a sua estrutura espacial. A opção pela linguagem e pelos materiais ficou também reduzida aos elementos fundamentais – na linguagem a procura de um ritmo, sugerido pelo edifício existente, que se traduz na criação de uma modulação de fachada, nos materiais a redução ao essencial para materializar esta intenção – os elementos estruturais e o vidro.

Programa: É proposta uma estrutura organizacional que divide o programa em três grandes grupos, a que correspondem três volumes de construção, articulados a partir de um ponto comum que será a “rótula” que articula todo o edifício. Na construção existente, que mantém a estrutura dos fornos e dos pilares, enfatizada pelo pé -direito triplo criado, localiza-se toda a área comercial, com apoio de restauração e similares.

No corpo central, por onde se faz a entrada e a articulação com todo o programa, fica o supermercado e o auditório. Este espaço, que se pretende funcione como recepção do edifício, é dotado de algumas características que enfatizam o seu carácter, como são o pé direito duplo com a sobreposição de volumes soltos, o enquadramento visual da chaminé existente na estrutura do edifício e o fácil domínio visual dos pontos-chave do edifício. Pretende-se também aqui, que os percursos interiores sejam dinâmicos de forma a proporcionar sempre uma deambulação pelo edifício, percebendo o seu carácter multifacetado não só no que respeita a diversidade do programa proposto, mas também no apelo e interesse comercial que esta opção desperta.

O terceiro corpo destinado ás piscinas e health club, apresenta-se em continuidade com o restante, respeitando as especificidades funcionais que lhe são intrínsecas, tal como são os grupos de balneários separados por atividades – piscina e ginásios e por sexos em cada atividade; percursos autónomos para utilizadores e público; circuitos próprios para pés descalços e calçados. Contempla ainda a criação de um bar através de dois corpos balançados sobre o espaço dos tanques e bancadas de público ao longo das piscinas.

© Fotografias por José Campos.